Entre Bombons e Desilusões: A Reconciliação que Não Aconteceu

Atendemos via WhatsApp uma cliente no mês de janeiro de 2023, dizendo já ter contratado nossa trupe há 10 anos e que agora precisaria dos nossos serviços novamente. Ela estava totalmente perdida porque tinha expulsado o marido de casa a pontapés pela terceira vez, segundo ela mesma nos contou, havia 3 meses, e desta vez ele não retornou.

Janaina dizia ter perdido a paciência com a mãe de Fernando, seu marido, e por isso enxotou ele e sua mãe do apartamento onde morava com seus 3 filhos pequenos. Perguntava se havia chance dele voltar através de uma serenata de reconciliação, não tanto por ela, mas mais por conta dos filhos, que exigiam cuidados. Fredi Jon explicou que a serenata é mais usada em momentos a serem celebrados do que em momentos a serem resgatados, mas que já tiveram êxitos em várias ocasiões anteriores e podiam tentar.

Fernando é um médico oriental, muito reservado e tímido; assim, Fredi Jon orientou Janaina que uma homenagem gravada seria melhor porque não iria constrangê-lo nem expô-lo no trabalho, fato que poderia condenar a serenata. A esposa aceitou e disse que iria escolher a música e fazer uma carta para ser entregue também. Ela contou que Fernando faz plantões em vários locais e pediu para Fredi Jon ligar e saber quando voltaria a atender para poder marcar uma visita e entregar em mãos o pen drive com a homenagem gravada, a carta de pedido de perdão e uma caixa de bombons da marca que ele adora. Tudo isso porque ela já havia ligado tantas vezes que ninguém em nenhum hospital repassava mais as suas ligações.

Fernando já havia acionado o seu advogado para cuidar da separação, mas acabaram voltando nas outras vezes. Agora, ela tinha esperança porque as roupas e objetos dele ainda estavam lá no apartamento. Ela nos mandou sua carta, que nem parecia um pedido de perdão, então orientamos a ela a reescrevê-la a fim de poder atingir seu objetivo. Uma vez concluída, fomos ao local da homenagem para entregar o material.

Era um prédio enorme, com muitos andares e vários consultórios. No décimo terceiro andar, Fredi encontrou seu consultório; tinham duas pacientes esperando, então ele também esperou. Depois de 35 minutos, a porta se abriu rapidamente. Fredi levantou, pedindo licença para a próxima paciente, e se apresentou ao médico. Fernando o reconheceu e sorriu timidamente, com um olhar surpreso e inquieto. Quando o médico oriental ouviu o nome da esposa, arregalou os olhos e foi se afastando de nosso seresteiro.

— Não quero nada que venha dessa mulher! Ela é maluca! — dizia Fernando, empurrando as mãos de Fredi Jon.

Fredi tentava convencê-lo a pegar o pen drive, mas ele estava irredutível. Vendo que nosso seresteiro não desistiria facilmente, Fernando levantou a voz e disse:

— Ela é louca! Me expulsa de casa, depois vem correndo pedir desculpas. Eu, por pena, volto e acontece tudo de novo. Mas, dessa vez, ela se superou! Essa mulher jogou todas as minhas roupas pela janela do apartamento. Portanto, leve isso de volta para ela e diga que só falo com ela novamente por meio de nossos advogados.

Fredi Jon, vendo que não iria ter jeito, resolveu não insistir mais e foi embora. É, gente, ainda bem que a serenata sem remédio já foi paga, porque todo esse mico no consultório é impagável.

Texto de Fredi Jon e Fernanda Morena –

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